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sexta-feira, 26 de março de 2010

Pedalando na chuva

Caros cicloamigos, nas abordagens diárias que realizo em sites e  blogs voltados aos interesses da bicicleta, encontrei este que coloco "Ipsis verbis" conforme postado em http://pedalandoeolhando.blogspot.com/ .

Amigos...
Ontem, de madrugada, saí para pedalar com aquela garoa leve e muitos relâmpagos cortando os céus. Claro que pensei que iria diminuir, que seria uma rápida nuvem. Mas tremi na base ao atravessar o viaduto do Carrefour, rumo Jaqueira. Então propus na lista CICLOTUR-BR o tema RAIOS E RELÂMPAGOS para tentar encontrar alguém que sacasse bem do assunto e explicasse direitinho o que fazer quando o céu ameaçar desabar na sua cabeça. Este post é ainda mais importante para os que gostam de pedalar em trilhas. Se aqui na cidade, basta parar no muro de um prédio alto que estarei protegido, em um canavial ou trilha aberta, na chuva, e com raios caindo, o que deve ser feito para conseguir uma boa proteção? Vejam o que o Engenheiro Elétrico Rodrigo Telles, de Cristal Paulista/SP sugere fazer:

Rogério,



essa discussão é importante. Sou engenheiro elétrico (ou fui) mas não sou especialista em raios :-). O que eu posso dizer com base no meu conhecimento é o seguinte:

Nunca ouvi nada sobre diferença de perigo entre raios de cargas negativas ou positivas. Pelo meu conhecimento não deve fazer muita diferença em que sentido o raio atravessa um corpo, mas posso estar errado.
O raio é uma descarga elétrica com uma diferença de potencial gigantesca. A prova disso é que ele atravessa centenas de metros de atmosfera, que mesmo com umidade é um dos melhores isolantes que existe. Portanto, os pneus da bicicleta não são nada se comparado a isso. A "vantagem" para o raio ao atravessar um ciclista é maior do que a desvantagem dos poucos cm de isolamento dos pneus. O fato de estarmos pedalando, sem pôr os pés no chão não alivia. O contado com o metal da bicicleta nos deixa a cerca de 2 ou 3 centímetros (pneu) do chão, que como eu disse é quase nada para o raio.
Os carros são abrigos totalmente seguros para raios única e exclusivamente pelo efeito da gaiola de Faraday. Mesmo aqui os pneus do carro não significam nada. O raio atravessa a carcaça sem atingir os ocupantes e chega no chão atravessando os poucos centímetros representados pelo pneu. Por tanto não adianta nada ficar na carroceria de uma caminhonete por exemplo. Aliás é até pior, pois devido à grande quantidade de metal, o carro irá atrair o raio. Os integrantes da cabine estarão protegidos e os que estiverem na carroceria serão atingidos. Uma curiosidade: é extremamente comum os raios atravessarem as carcaças de aviões. E não trazem nenhuma consequência para os ocupantes ou mesmo para os equipamentos eletrônicos dentro dele.
Não é aconselhável ficar em baixo de árvores, mesmo que sejam muitas árvores. O raio, tanto faz se "cai" de cima para baixo ou de baixo para cima, não atinge necessariamente um ponto só. Ele se ramifica e atinge uma região inteira. Ainda sobre as árvores, não importa somente a altura da árvore, mas também a profundidade das raízes. É o efeito fio terra do pára-raio. Uma observação minha: alguém já reparou que os abacateiros sempre morrem de raios? Por via das dúvidas, quando chove eu fico bem longe deles :-)
Todos os especialistas que eu ouvi até hoje dizem que numa situação onde não há abrigo, o ideal seria ficar abaixado, na tal posição de bola. Não é aconselhável deitar porque o raio pode ser mais mortal se atravessar diretamente o coração por exemplo. A posição de bola diminui o efeito pára-raio.
Ficar ao lado de prédios com certeza é mais seguro do que em campo aberto. Mas se tem um prédio é quase certeza que tenha um outro lugar por perto em que você possa se abrigar melhor.
A bicicleta é de metal e quando tem eletricidade no ar, fique longe de qualquer coisa de metal. Mesmo pequenos objetos como canivetes e ferramentas podem catalisar um choque. Para efeitos de raios, acho que o alumínio conduz eletricidade quase tanto quanto o ferro. Não é consolo.
Quando uma tempestade está chegando e você consegue prever com alguns minutos de antecedência, o melhor a fazer na minha opinião, é procurar um bar, um posto, ou mesmo pedir abrigo numa casa. Raio é perigoso demais para darmos bobeira.
Estando dentro de um abrigo, fique longe de equipamentos ligados a rede elétrica, telefônica ou fios de antena. Outra dia ouvi que pessoas tem morrido dentro de casa por estar próximos desses objetos, principalmente em casas simples com chão de terra batida.
Nunca fique num abrigo de pedra, tipo gruta. É melhor ficar exposto do que embaixo de uma pedra. Essa minha observação sobre as grutas de pedra é empírica. Eu já li alguns relatos de pessoas que se esconderam em grutas no meio de uma tempestade e ficaram tomando descargas elétricas a cada raio que caia próximo. E tem a experiencia do nosso amigo Paulo Roberto Cunha, que provavelmente está nos lendo aqui. Não me lembro direito a história, mas ele tomou uns choques debaixo de uma pedra lá no Itatiaia.
A história que telefone celular ou sem fio atrai raio é puro mito. É muito mais seguro falar ao celular do que num telefone com fio nessas situações.
É importante falar dessas coisas para saber o que fazer na hora que a coisa acontece, porque com certeza se você pedala está exposto. Então o importante é não ter reações de desespero.



Abraços,



Rodrigo Telles



Cristais Paulista - SP



www.ararauna.esp.br



www.clubedecicloturismo.com.br

Da discussão deste email na lista de cicloturismo surgiram mais duas informações que precisam constar deste post, enviados por Ebner de Suzano/SP

O carro não atrai o raio, sendo apenas o caminho facilitador para o escoamento da corrente. Se um raio vier a atingir uma determinada área, fatalmente ele irá procurar o caminho melhor condutor e, se o carro em questão for esse caminho, então ele será o alvo.



O fato da pessoa se deitar no chão se torna potencialmente perigoso devido a tensão de passo. Quando uma descarga atinge o solo ela se dissipa em ondas, de forma análoga às ondas formadas por uma pedra arremessada num lago. À medida que essas ondas se distanciam, elas formam uma perigosa diferença de potencial chamada tensão de passo. Pelo tamanho do corpo de uma pessoa, a tensão recebida em um extremo do corpo pode ser muito diferente da tensão recebida no outro extremo, e aí é que mora o perigo de deitar no chão.


Ebner


Suzano - SP

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