Ao longo de muitos anos venho aprendendo que a vida é uma aula de campo. Todos nós, absolutamente todos, temos ensinamentos diários que se acumulam em nossa biblioteca da memória e deveriam nos servir como instrumentos da paz e do desenvolvimento interior. As coisas boas que nos trazem alegrias e o sucesso tem em sua essência a efemeridade e a eternidade ao mesmo tempo. Enquanto isso, as coisas ruins assemelham-se ao poço da imortalidade mesmo que durem uns poucos segundos. Costumamos, pela própria natureza humana, computar o que passou negativamente sem fazer uma análise sobre o quanto aquilo nos foi importante e nos elevou para uma redenção ainda maior. Sou um ser espiritual e acredito na força que corre em minhas veias quando encaro desafios. Também sou um homem da ciência que confia nos valores dos descobrimentos e nos destinos da evolução. Mas antes de tudo sou um ser social que respeita a individualidade quando esta é benéfica a todos. Tudo vejo com harmonia e tudo posso com vontade! É a certeza do prazer diário em minhas pedaladas que me enchem de adrenalina para o dia seguinte. Naquele momento que estamos eu e minha bicicleta sinto a interação entre nós e como resultante um dia mais feliz. Isso não é acaso, mas é o encontro daquilo que já foi uma busca! Quando me dei por conta, pedalar me fazia pertencer ao outro lado da vida com reflexões, relaxamento mental, exercício corporal e principalmente com a sintonia do mundo em volta. Quando estou montado em minha bike, cada curva tem uma brisa que sopra diferente, o silêncio toma conta de mim, percebo a cada quilômetro um aroma diferente daquele que já vivi, e o tempo pára e me observa no espaço dinâmico e colorido em cada esquina que atravesso. A vida também pode ser assim em toda sua plenitude. Esquecer-se do que nos empurra para trás e concentrar-se na força que nos move adiante com toda sua beleza. Pequenos detalhes do dia me satisfazem sem nenhuma inveja dos que se interessam apenas pelo prazer material do ter. Nesse prazer que vivo no dia a dia está o abraço gostoso de minha mulher quando retorno para casa, o sorriso de meus filhos em pequenas descobertas ou apenas naquele bom dia da grande paz do meu lar. A felicidade não pertence a um templo lá fora, mas ao templo que está dentro de nós. É nesse templo que mora o Criador e faz com que cada um seja livre ou prisioneiro de suas escolhas. Aprendi sim que simplificar a vida desmistifica e nos revela o verdadeiro espírito das coisas!
2 comentários:
Como não é possível definir o estado ZEN, você conseguiu descreve-lo bem! Eu chamo isto de "ser capaz de ver as pedras crescerem"! Poucos percebem ou param para fazer isto na vida moderna. Acho que comecei a ser assim depois que estudei tai-chi-chuan, uns 10 anos atrás. Não é falta de energia, pelo contrário. É muita energia, mas sob controle para ser usada quando é preciso. É se permitir a ver aquilo que costuma passar rápido demais na loucura da vida moderna. Parabens colega! Bem vindo ao clube!
Muito bem Rogério, o que vc falou me fez lembrar do escritor nordestino Antônio Lisboa Carvalho de Miranda que diz "A paz não é um período de tempo, mas uma forma de vida" Abraços.
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