Impressiona-me o estilo de vida ocidental e moderno com sua cultura que gira em torno do automóvel e do sedentarismo. Não é de se estranhar que a China, seduzida pelo mundo capital, também esteja se ocidentalizando em seu estilo de vida. O número de carros por lá aumenta a cada ano e traz perigo crescente aos que circulam em suas bicicletas. Ou seja, é um processo inverso do que ocorre nos países já desenvolvidos. As grandes potências econômicas agora estão numa situação crítica urbana de circulação de pessoas e do bem-estar de sua população e buscam mais humanização das cidades. O Brasil não foge à regra e aumenta sua frota a cada ano com incentivos governamentais que injetam dólares à economia, que geram empregos, que geram consumo, que geram lixo, que geram gastos, que geram mais impostos e assim vai... Enfim, vivemos num mundo em desenvolvimento do quê? Fatalmente iremos ter um colapso ambiental urbano e rural. Não seria mais fácil pular essa etapa e copiar o que já está à frente dessa ótica consumista e caótica? Pois é, o pior que não é nada fácil modificar o comportamento psicológico das pessoas. Estamos todos envolvidos num complô social que nos abraça e não nos deixa sair desse estado mental das coisas. A leitura de um artigo na revista TIME me chamou a atenção para o depoimento de Adam Greenfield (29 anos), um cineasta britânico e residente nos EUA, que descreve sobre sua experiência de abdicar do automóvel, táxi e motocicletas por um ano. Segundo ele, foi a forma de mostrar que todo mundo pode viver sem esses elementos do dia a dia. A economia em dinheiro foi em torno de dez mil dólares no ano sem falar na alegria que ele decifrou em conhecer o outro lado da vida em uma bicicleta nas suas viagens diárias. É bem verdade que a cidade de São Francisco onde ele reside tem uma boa estruturação para o tráfego de bicicletas, mas qualquer uma no mundo pode também ser transformada... basta mudar o paradigma, basta querer! Adam explica que a transformação nas cidades deve começar em tornar estradas mais atraentes e seguras aos ciclistas, construir bicicletários nos vários pontos da cidade, incrementar o transporte público com qualidade, e outras coisas já tão conhecidas por nós pedaleiros das cidades. Outro ponto de destaque é criar a descentralização dos eventos e das áreas de lazer a fim de reduzir os deslocamentos de carro para pontos centrais da cidade. E, por último, escolher seus representantes políticos que se comprometam com a qualidade de vida futura voltada para o bem de todos e do meio ambiente. Vivemos numa sociedade em que as infra-estruturas físicas são baseadas no pressuposto de uma fonte ilimitada de energia barata, mas não é bem assim! Precisamos envolver nossas famílias, vizinhos, amigos, colegas de trabalho e todo mundo a nossa volta no sentido de não cometermos tantos erros conhecidos e que terão um grande custo no futuro. É fácil? Não, não é! Mas não é impossível.
2 comentários:
È pedalar direito, divulgar nossa predileção com parentes, amigos e desconhecidos em filas de banco e médico, e nunca perder uma oportunidade de conversar com qualquer pessoa sobre a péssima situação em que a sociedade do carro está nos colocando. Falta de ônibus de qualidade para todos, calçadas esburacadas e sem condições para cadeirantes e idosos, desmandos de todo tipo no trânsito descontrolado e irresponsável. Apenas uma parte do NOSSO trabalho diário! Ótimo post DJ!
Bem verdade, caro amigo Rogério! Seria bom que realmente tivéssemos esse compromisso com a sociedade em que vivemos, tenho certeza que muitos passos já foram dados mas é preciso mais! E vamo q vamo!
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