Ciclovia está definida, conforme o Dicionário Caldas Aulete, como pista para circulação exclusiva de bicicletas e ciclofaixa é uma faixa demarcada de via urbana que se destina exclusivamente aos ciclistas. Ora, sabemos que essa história de exclusividade já é um ledo engano! O assunto é bastante interessante quando se buscam perspectivas que ofereçam uma melhor e mais segura condição no trânsito para ciclistas. Também sei que já foi abordado em inúmeros artigos para debate, entretanto sempre enxergo a necessidade de variadas discussões para que o tema não caia no esquecimento. Por aqui não dispomos de nenhuma ciclofaixa para uma melhor avaliação, e só as poucas ciclovias existentes na cidade me servirão de base para o enredo de uma observação analítica. Claro que vou levar em consideração outras experiências relatadas por ciclistas e também de um artigo universitário britânico que encontrei aqui mesmo na net. Minha opinião aqui será meramente ilustrativa, penso que as questões técnicas avaliadas por especialistas definirão futuramente a decisão na implantação de ciclovias e/ou ciclofaixas em cada localidade. A ciclovia, por sua construção mais protegida, transmite uma sensação de maior confiança e segurança nos deslocamentos. Nestes locais de separação do tráfego de automóveis há certa impressão de aprazibilidade nos passeios trazendo estímulos de descontração e incentivo ao lazer com a bicicleta. Para quem estimula seus filhos a pedalar, a ciclovia me parece uma ótima oportunidade de tranqüilidade, mas... será? Observo que a idealização a esmo pelos gestores públicos é quase sempre inoportuna. Em muitas delas o que se vê é que saem do nada e vão dar em lugar nenhum... triste planejamento! Outro detalhe é que por estarem em lugares ‘sombrios’ se torna perigoso para um trajeto à noite. Essa coisa separada da via também me dá a impressão que os motoristas se sentem no direito de reclamar daqueles que se encontram fora dela, tremendo absurdo! Embora paradoxal, eu ainda acho que a circulação conjunta de veículos e bicicletas numa mesma via promove no motorista um exercício de respeito diário, pelo menos é o que deveria acontecer. Outro problema em ciclovias é a numerosa quantidade de pedestres que se enfileiram ao amanhecer ou no final da tarde em suas caminhadas ou até mesmo de carroças e motocicletas que também ali se enfiam... é o caos! Os retornos utilizados por automóveis é outro agravante, param em plena ciclovia... fazer o quê!? A manutenção de ciclovias é normalmente precária e quase sempre estão em péssimo estado de conservação com buracos e vegetação daninha. De outra maneira, as ciclofaixas parecem ser realmente mais perigosas quando o assunto é comparar a segurança entre elas. Tem-se que redobrar a atenção dentro das faixas que muitas vezes não são devidamente respeitadas, e por muitas ocasiões estão dimensionadas com menos de dois metros de largura e muito próximas ao meio-fio dando oportunidade de servir até como estacionamento de automóveis. Os cruzamentos também precisam ser sinalizados de tal forma que a bicicleta tenha a total preferência dentro das ciclofaixas, do contrário não há como justificar os inúmeros benefícios na utilização da bike em suas diversas atividades. Agora, ciclofaixas permitem maior abrangência de rotas dentro da cidade, bem como a menor utilização de recursos para sua implantação com menos espaço. Levanto aqui a bandeira por ciclovias, ciclofaixas e outras ideias que realmente atendam a população de ciclistas em suas diversas atividades diárias mas construídas de forma inteligente, e não meramente eleitoreiras e desqualificadas em sua engenharia do trânsito.
3 comentários:
DJ... os americanos já definiram as ciclofaixas como sendo a melhor opção para as cidades já existentes. Elas acalmam o tráfego, trasnmitem "regras" a coexistência entre os carros e bikes, e acima de tudo, são muito mais baratas de fazer e manter. O mais importante é que como qualquer via elas precisam ter pé e cabeça: precisam ser planejadas para atenderem a quem precisa dela de forma completa, não simplesmente em parte do caminho. Precisam ser pensadas para a fluidez do tráfego de bikes entre pontos que atendam as casas e os trabalhos dos ciclistas. E isto é que é dificil de obter. Estou participando de reuniões do GT de ciclovias metropolitanas aqui de Recife, e estou vendo que não é fácil obter dados para ajudar a pensar como serão as futuras ciclovias da cidade. Além disto, precisam ser bem PINTADAS E SINALIZADAS para ciclistas e para motoristas. O que se vê aqui é o ciclista sendo tratado como PROBLEMA. È ele que deve estar atentos aos carros, aos pedestres, etc. Carros não são avisados de que precisam estar atentos aos ciclistas. Pedestres não são estimulados a usar a calçada deixando a ciclofaixa livre. E isto tb é parte importante do problema. Espero que no futuro consigamos definir melhor o espaço do ciclista na via PÚBLICA!
Muito bem, aqui em Mossoró ainda não há movimentação nesse sentido. Certamente é uma boa oportunidade de busca aos direitos do ciclista na circulação da cidade. Particularmente, eu optaria por mais ciclofaixas que me parecem ser mais objetivas. Gde abraço.
Duas opiniões publicadas pelo Estadão/Saõ Paulo:
PRESIDENTE DO CLUBE DE CICLISTAS SAMPA BIKERS, a favor das ciclovias - ele diz : Da mesma forma que existe calçada para pedestres, a ciclovia teria de existir por toda a cidade. Só assim a maioria das pessoas teria coragem de usar a bicicleta como meio de transporte. As pessoas querem segurança, já que não têm o devido respeito.
O certo seria responsabilidade nas ruas, mas o que vemos é o oposto - o desrespeito está cada vez maior. A vida das pessoas, o planejamento urbano, as verbas, o tempo, tudo gira em torno dos automóveis. A reação padrão aos congestionamentos tem sido construir e alargar mais vias.
Tudo que estimula o uso da bicicleta é válido, mesmo uma ciclofaixa feita de forma errônea no lado esquerdo ou uma ciclovia no fedor do Rio Pinheiros.
O DIRETOR DO INSTITUTO CICLOBR,é a favor de ciclofaixas e diz assim:É impossível cobrir os 17 mil km de vias de São Paulo com ciclovias, custosas e demoradas. As ciclovias nasceram na Alemanha e ganharam força durante o Nazismo, com o objetivo de tirar as bicicletas das vias, pois "atrapalhavam" os carros.
Uma ciclovia mal construída pode até trazer problemas. Geralmente, elas são estreitas e com dificuldade de acesso.
Paris tem um sistema de 300 km e praticamente zero de ciclovias. Optaram pelas ciclofaixas, compartilhadas com ônibus. Em algumas vias locais, onde a rua é sentido único aos carros, é bidirecional ao ciclista. O dia que implantarem ciclofaixas e oficializarem as rotas ciclísticas em São Paulo, cairá de vez esse mito que só ciclovia salva. Ele já caiu, ao menos para os 300 mil ciclistas que desistiram de esperar e deslocam-se diariamente pela cidade.
matéria do dia 31/05/2010
Postar um comentário