Em minhas leituras e buscas diárias por informações sobre ciclismo, encontrei no blog de Roseli Ronchesi ( http://www.imagenseviagens.net/) essa bela matéria que repassso aos cicloamigos. São informações valiosas que engrandecem a cultura da bicicleta.
As estradas congeladas e arrastadas pelo vento da Islândia não parecem ser o melhor lugar para ciclistas ávidos. Morten Lange, Diretor da Federação dos Ciclistas da Islândia, discorda, ressaltando que o ciclismo pode salvar a sua vida.
Não é difícil convencer as pessoas a andar de bicicleta em um país com tanta chuva e frio?
As pessoas falam sobre o tempo ruim, as distâncias, e assim por diante. Mas mesmo que haja alguns problemas, há muitas coisas positivas que as pessoas não percebem sobre o ciclismo, como economizar dinheiro, tempo, mais liberdade e benefícios substanciais para a saúde. Há muitos mitos sobre o ciclismo que não são mais verdadeiros.
Vamos falar destes mitos: Primeiramente, andar de bicicleta é trabalho duro. Como você abordaria esta frase?
Isto pode ser verdadeiro quando você começa, mas a maioria das pessoas vão perceber que elas ganham força depois de algumas semanas. Você pode simplesmente começar com uma marcha mais leve e ter uma viagem agradável.
Número 2: A distância para o meu trabalho é muito grande para ir de bicicleta. Muitas pessoas pensam que cinco quilômetros é muito distante. Mas quando nós lançamos a campanha “De bicicleta para o trabalho” aqui na Islândia, muitas pessoas ficaram surpresas que não era nenhum problema ir de bicicleta por aqueles cinco quilômetros todos os dias, e o tempo gasto era menor do que anteciparam.
Número 3: Andar de bicicleta é perigoso.
Com freqüência, as pessoas pensam que o trânsito é intimidador e barulhento, e já ouviram falar sobre acidentes. Mas as estatísticas que dizem que andar de bicicleta é mais perigoso do que conduzir um carro têm por base o quilômetro rodado, o que não é uma comparação justa.
As pessoas não irão tão longe de bicicleta quanto de carro, assim, o que você deve comparar é o perigo baseado por hora ou por viagem. E então não há na prática nenhuma diferença entre o perigo de ir de bicicleta ou de carro. E naturalmente os ciclistas oferecem um perigo muito menor para as outras pessoas. Se andar de bicicleta substitui a condução de carro para distâncias curtas e médias, nós temos um trânsito mais calmo e todos nós ficaremos mais seguros.
Número 4: Toma muito tempo.
Você é mais rápido em uma bicicleta do que você pensa. Em muitas cidades ao redor do mundo, houve competições simuladas durante as horas de pico entre modalidades de transporte diferentes e é muito raro que o ciclista não ganhe.
Nós fizemos uma competição aqui em Reykjavik nas horas de pico da manhã, e o ciclista foi substancialmente mais rápido do que o motorista de carro e a pessoa que foi de ônibus.
De que outra forma você convence as pessoas a andar de bicicleta?
Estacionar na Islândia é na maioria das vezes de graça, e isto leva a muitos problemas. Alguém tem que pagar pelos custos de um serviço barato. Assim, em vez de pagar para expandir seu estacionamento, duas companhias de Reykjavik decidiram reduzir a demanda para estacionar oferecendo as pessoas algum dinheiro para não usar os espaços de estacionamento.
Eles pagam as pessoas o equivalente a um passe de ônibus mensal. Todos os que não usam o estacionamento recebem este pagamento, não importando se vão a pé, de bicicleta, usem o transporte público ou uma carona com um colega de trabalho.
Nós devemos seguir o exemplo britânico. A campanha “Ande de bicicleta”, na Inglaterra, recebe inscrições das escolas para dar cursos de ciclismo para seus alunos e ensinar habilidades que melhoram a segurança. As crianças são ensinadas a andar de bicicleta no "trânsito normal". Sentem-se mais confiáveis e seus pais ficam menos receosos. Tais lições podem ser úteis mesmo para ciclistas adultos habituados.
O que mais teria que mudar para que andar de bicicleta se torne mais atrativo?
Eu acho que nós precisamos de uma mudança em perspectiva e como os políticos e os funcionários públicos falam sobre a segurança, a saúde e o ciclismo. A mensagem mais visível sobre o ciclismo de muitos governos, companhias de seguros e ONGs, tem sido a de ressaltar que os pedestres e os ciclistas deveriam prestar mais atenção nos carros e se comportarem com mais “responsabilidade”.
Isto geralmente significa “encurralar” os ciclistas no trânsito; fazer com quem usem roupas chamativas, dispositivos de alta visibilidade e capacetes brilhantes. Isto tudo faz sentido de certa maneira, mas não é o ciclista, e sim os carros em alta velocidade que são perigosos.
Estas mensagens negativas também ofuscam a mensagem positiva de que andar de bicicleta e caminhar é saudável, eficaz em termos de custo, e rápido. Isto deve ser mudado; os carros é que são o elefante na loja de porcelana e não o contrário. Se menos pessoas vão de bicicleta isto geralmente significa menos segurança para todos os ciclistas, menos atividade física e dessa forma uma saúde pública mais pobre, mais poluição dos carros. Os políticos e o público deveriam promover o ciclismo com significados mais positivos e introduzir limites de velocidade mais baixos. 30 km por hora deveria ser a norma para grandes e pequenas cidades.
Agora é difícil encontrar uma rota que seja segura. Você pode tanto andar de bicicleta em uma rodovia carregada para trabalhar ou pode usar um mapa e explorar a sua maneira. Dessa forma você provavelmente acaba em uma rota que seja 30 por cento mais longa do que a que os carros usam.
Então você acha que é uma questão de política pública e não de decisão do indivíduo?
A política podia ajudar. Os usuários de carros, por exemplo, conseguem muitas coisas de graça; os ciclistas não conseguem favores similares. Há subsídios para dirigir carros, como estacionamento de graça. Os ciclistas raramente recebem subsídios. E para algumas pessoas parte de seu salário é para conseguir um carro, é como um aumento de salário. Se você está usando uma bicicleta, você não consegue tais benefícios. No entanto isto está mudando, por exemplo, no Reino Unido, na Noruega, e certamente na Islândia.
Você mencionou os benefícios que o ciclismo traz para a saúde; realmente tem tal impacto?
A Organização Mundial de Saúde publicou uma ferramenta chamada HEAT for Cycling que permite que os governos avaliem as economias a partir do ato de andar de bicicleta, economias resultando da mortalidade reduzida ou menos obesidade. Está disponível na Internet.
As várias doenças como doenças cardíacas e diversos tipos de câncer são menos predominantes entre as pessoas que andam de bicicleta. Em um estudo feito na Dinamarca onde 30.000 pessoas foram acompanhadas por 14 anos, entre aqueles que praticavam o ciclismo a possibilidade de morte durante esse período era 30% menor do que entre aquelas que não praticavam.
Pelo menos duas cidades, Odense, na Dinamarca e Grimstad, na Noruega, viram economias imediatas no sistema de saúde, em conseqüência da promoção bem sucedida do ciclismo durando alguns anos.
Morten Lange, Diretor, Federação dos Ciclistas da Islândia
"Não há na prática nenhuma diferença entre o perigo de andar de bicicleta e de carro" (Foto: Lange)
Editor: Thilo Kunzemann
Fonte: http://www.knowledge.allianz.com.br/br/energy_co2/transportation/cycling_bike_iceland_danger_accidents.html
Um comentário:
Tem muitos mitos sobre bicicleta. Eu vou trabalhar de bicicleta e tenho um trajeto de 25 km. As pessoas ficam assustadas, acham que é muito perigoso, cansativo etc... É na verdade uma representação social de quem nunca ando de bicicleta. 25 km pode ser muito mas até 10 km é bem fácil...
Emmanuel M. Favre-Nicolin
Blog Vitória Sustentável
http://vitoria-sustentavel.blogspot.com/
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