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quinta-feira, 27 de maio de 2010

Quem tem medo da radiação solar?

Aqui na cidade é muito comum encontrar pessoas que circulam em suas bicicletas usando grandes chapéus, bonés, luvas, ou até envoltos em suas próprias camisas como forma de se livrar do sol escaldante. Todo mundo sabe dos riscos que a intensa radiação solar pode provocar em nossa saúde, mas pouca gente sabe como realmente ela acontece. Eu procuro sempre pedalar nos horários mais cedo ou mais tarde do dia tendo em vista que sou de pele branca e de pouca proteção aos perigos de exposição solar. Entretanto, é bom que todos saibam que prevenção e canja de galinha não prejudicam ninguém! Os tecidos orgânicos do olho e da pele são os mais afetados pela radiação. A luz solar é composta pelo raio ultravioleta, radiações visível e infravermelha (calor) e também por um grande número de outros raios solares, tais como raios cósmicos, raios gama, raios-X e radiações de radiofreqüência, mas estes últimos estão presentes em quantidades muito pequenas ao nível da superfície terrestre ou são de tão baixa energia que não chegam a afetar nossas peles. Ao penetrar na atmosfera os raios são modificados e uma parte é refletida de volta ao espaço, o resultado é que apenas dois terços da energia solar que chega à superfície atmosférica penetra ao nível do rés do chão, e esta parte é composta de 5% de UV, 40% de radiação visível e 55% de radiação infravermelha. Pequenas quantidades de radiação UV promovem a síntese de vitaminas D na pele. Esta vitamina fortalece os ossos e evita o raquitismo, mas nem tudo é flores! Os raios UV são responsáveis pela maioria dos efeitos danosos provenientes da radiação solar tais como as queimaduras, o fotoenvelhecimento e os cânceres de pele. Os raios UV se diferem conforme o seu comprimento de onda e são o UVC, UVB e UVA. A UVC é completamente absorvida pela camada de ozônio da atmosfera e não penetra ao nível rente da superfície, assim a radiação UV que nos atinge consiste em UVB (cerca de 5%) e UVA (95% ou mais). Entretanto, essas porcentagens são aproximações relativas e variam com as estações, hora do dia, latitude e muitos outros fatores. Embora nos atinja em menor percentual, os raios UVB são os mais prejudiciais à saúde, mas vale lembrar que os raios UVA são responsáveis por 10% a 20% dos efeitos danosos dos raios ultravioletas. As variações da radiação solar dependem em primeiro lugar da hora do dia, e uma regrinha simples é saber que se sua sombra é menor do que sua altura, você não deve se expor ao sol sem proteção. Pela manhã e ao entardecer, quando as sombras são mais longas, a luz do Sol tem menos efeitos danosos. Ao redor do Equador os níveis de radiação variam muito menos do que em climas temperados, sendo altos durante o ano todo, porque o Sol está sempre relativamente alto no céu ao meio do dia, independentemente da estação do ano. A radiação UV diminui à medida que se afasta do Equador. Por exemplo, a média de exposição anual para uma pessoa vivendo no Havaí (20° N) é aproximadamente quatro vezes maior do que a de uma outra vivendo no norte europeu (50° N). Agora, imagina eu aqui numa latitude 5° S! Com relação à altitude também existe uma compensação e como regra geral, para cada 300 metros de aumento de altitude, o poder da radiação UV em causar queimaduras aumenta cerca de 4%. Isto acontece porque a radiação atravessa uma menor distância de atmosfera em regiões de altas altitudes como nas montanhas. Outra coisa, as nuvens no céu absorvem apenas de forma moderada os raios UV, isto acontece porque a água das nuvens absorve calor muito melhor do que absorve radiação UV. Dessa maneira, nuvens esparsas em um céu azul influenciam muito pouco o nível de radiação UVB, embora, um toldamento completo de nuvens do céu possa, ocasionalmente, reduzir a probabilidade de uma queimadura de até 50% e nuvens muito pesadas podem levar essa redução a 90%. Em outras palavras, é possível ganhar uma queimadura em um dia de verão mesmo que o tempo esteja nublado, frio e desagradável. É interessante saber que a temperatura do ar ambiente (p. ex., 0o C versus 30o C) ou a temperatura de qualquer água onde você esteja nadando, a menos que esteja mergulhando a alguns metros de profundidade, tem apenas uma pequena influência sobre a intensidade da radiação UVB incidente. A radiação UV que nos alcança sofre um efeito de colisão com moléculas no ar e nos atinge assim em diferentes ângulos na superfície da Terra, diferentemente das radiações de luz visível e calor. Deste modo, se você sai pedalando a céu muito aberto, o risco de se queimar é ainda muito grande, mesmo que você esteja protegido por uma nuvem, por árvores ou prédios. Na verdade, até dois terços da UVB nos chegam dessa maneira e apenas de um terço à metade chega em linha direta do Sol. Então aqui vai um aviso: Se você for sair pedalando por aí em pleno dia, abuse de protetores solares, roupas adequadas, ou qualquer medida eficaz de proteção à radiação solar. Sua pele e seus olhos agradecem!

3 comentários:

Pedalando & Olhando disse...

DJ... e quanto ao tipo de pele x radiação UV? Eu sou branco, mas dotado de rara capacidade de ficar preto sem passar pelo vermelho, coisas de avó cabocla... resumindo, quando pego sol a pele escurece. Sem falar que ela é oleosa. Tive muitos problemas com fungos (dermatites seborréicas) pela falta de sol, vivendo em Salvador e durante os invernos em que chove muito. Aqui em Recife, estou em casa. Faz sol todo o ano, a pele está sempre mais limpa, as dermatites sumiram. Costumo pensar que pele tem hábitos e necessidades: se sempre tomou sol, fica frágil quando deixa de tomar. Nunca vi uma abordagem sobre isto. Mas confesso que sair para pedalar sempre de mangas curtas, no sol da manhã, me deixa em estado de graça, e com uma pele de seda! Limpa, suave. A única coisa que faço depois do banho é passar um hidratante destes baratinhos, pelas partes expostas! Nunca surgiu uma única mancha nelas!

DJANILSON disse...

Meu caro Rogério, eu não tenho tanta sorte assim! Preciso sempre estar atento, aliás as insolações já são minhas velhas conhecidas. Gde abraço.

Manouchk disse...

Eu uso frequentemente um suéter de algodão com capuz de baixo do capacete. Eu enxarco ele de água para não sentir nenhum calor, até durante o verão. Fico bem geladinho durante 30/40 minutos. Isso tenho funcionado muito em Vitória... Assim também só preciso me proteger do sol na minha cara, o pescoço também é protegido!

Emmanuel M. Favre-Nicolin
Blog Vitória Sustentável
http://vitoria-sustentavel.blogspot.com/