No último dia 18 saiu uma matéria na Folha de São Paulo sobre o aumento da frota de motocicletas no país. Um dado citado, já evidente, foi verificar que a cidade de Mossoró está, infelizmente, na lista dos 150 municípios do país com maior proporção de veículos por habitante (34,8 veículos por 100 habitantes). São Caetano do Sul, a terra do automóvel, encabeça a lista. Outro dia citei aqui sobre a maior ameaça ao ciclista que encontro no trânsito da cidade que se chama “motociclista”. A opinião é particular e vivida nas ruas. O que parece frágil e relegado é, no fundo, uma arma de suicídio ou de assassínio que se espalha nas avenidas da segunda maior cidade potiguar. Antes, quero afirmar que tenho motocicleta desde os 18 anos de idade e sou feliz por todo esse tempo sem um único acidente, o que é raro! Hoje quase não a utilizo, nos últimos três anos já pedalei quatro vezes mais do que os quilômetros percorridos na motocicleta nesse mesmo período. No geral, a matéria traz dados interessantes. Segundo o Denatran, 46% dos municípios, onde vive um a cada quatro habitantes, têm uma frota de motos majoritária... E continua avançando sobre os grandes centros. O aumento da frota de carros no Brasil nos últimos cinco anos foi de 40%, menos de metade do ritmo de crescimento das motos -105%. Mesmo assim, há mais carros (35,4 milhões) do que motos (15,3 milhões) no país devido às grandes capitais. O aumento de motocicletas, analisa a Folha, é motivo de preocupação por ser vulnerável e provocar mais mortes em acidentes -além de mais poluente. ” Especialistas reconhecem a importância das motos para a mobilidade das pessoas. O resultado social, entretanto, é considerado negativo. O número de motociclistas mortos no país saltou de 725 em 1996 para estimativas acima de 8.000 no ano passado. O engenheiro e sociólogo Eduardo Vasconcellos cita dois agravantes da expansão desse transporte no Brasil. O primeiro é que, enquanto a população da Ásia sempre conviveu com muitas bicicletas, aqui as pessoas não sabem lidar com veículos de duas rodas -seja na travessia seja para se equilibrar. O segundo é a mistura de motos com caminhões e ônibus. "Não tem volta. É preciso reprogramar o trânsito." O engenheiro Cláudio de Senna Frederico, que já integrou um grupo de especialistas convidados pela UITP (associação internacional de transportes públicos) para traçar as diretrizes do setor para 2020 assim avalia: "A Europa é bastante motorizada. Mas tem uso mais disciplinado. Aqui temos a imagem equivocada do "direito de ir" e vir de carro." O ideal é que, mesmo tendo muitos veículos, a maioria da população não se locomova a todo momento com transporte individual -que polui mais, provoca mais acidentes e engarrafamentos. O caminho, diz Federico, é a recuperação do sistema de ônibus (corredores exclusivos, melhoria da velocidade, tarifa mais barata) para que ele deixe de perder tanta gente para as motocicletas. O segundo é a restrição à utilização de carros e motos -neste caso, com redução da velocidade, por exemplo. Uma coisa fiquem certos, fabricantes e montadoras desses veículos não estão nem um pouco interessadas nesses dados.
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